sexta-feira, 30 de março de 2018

Paixão do Senhor:

Com Jesus, ir contra a corrente
Na pregação da Sexta-feira Santa, Frei Cantalamessa exorta os jovens à ousadia. "A direção oposta não é um lugar, mas uma pessoa: Jesus."
Cidade do Vaticano O Papa Francisco presidiu na tarde da Sexta-feira Santa, na Basílica Vaticana, a celebração da Paixão de Cristo, com a adoração da Cruz e a pregação do Frei Raniero Cantalamessa sobre o tema: “Quem vê, dá testemunho. 
"Ao verem que Jesus já estava morto, os soldados não lhe quebraram as pernas, mas um deles abriu-lhe o peito com uma lança do qual saiu, imediatamente, sangue e água. Quem viu este fato deu testemunho, - que é digno de fé, pois ele sabe que diz a verdade - a fim de que vós creiais".
Partindo desta citação do evangelista João, Frei Cantalamessa afirmou que “ninguém jamais será capaz de nos convencer de que este testemunho solene não corresponde à verdade histórica”. O autor, São João, - o discípulo a quem Jesus amava, - estava no Calvário, aos pés da cruz, junto com a Mãe Maria. Eles foram testemunhas oculares do fato! 
Ele "viu" e “descreveu, não apenas o que acontecia sob o olhar de todos, mas, sob a luz do Espírito Santo e dos eventos pascais, dando sentido ao que havia visto. Naquele momento, estava sendo imolado o verdadeiro Cordeiro de Deus e cumprido o sentido da Páscoa antiga: Cristo na cruz era o novo Templo de Deus, de cujo peito jorra a água da vida. Ele é o início da nova criação! Assim, João entendeu o profundo significado das últimas palavras de Jesus: "Tudo está consumado".
Crucifixos
Sobre os inúmeros significados, que brotam da cruz de Cristo, o pregador perguntou: Por que a grande presença do Crucifixo em nossas igrejas, nos altares e em todos os lugares frequentados pelos cristãos? E respondeu com uma chave de leitura deste mistério cristão: “Deus revela seu poder na fraqueza, sua sabedoria na loucura, sua riqueza na pobreza”.
Esta chave de leitura não se aplica à Cruz, na qual Deus se revela em sua realidade mais íntima e verdadeira, pois Deus é “ágape”, amor oblativo; somente na cruz se entende a magnanimidade da autodoação de Deus.
Juventude
Neste sentido, o Frei Capuchinho recordou o próximo Sínodo dos Bispos sobre os Jovens. A Igreja quer colocá-los ao centro da sua preocupação pastoral. A presença no Calvário do discípulo que Jesus amava representa uma mensagem especial. João seguiu Jesus quando era muito jovem. Este encontro pessoal e existencial foi sua verdadeira paixão! O mistério pascal da morte e ressurreição de Jesus, a sua Pessoa, representam o núcleo do pensamento do evangelista.
João era, quase certamente, um dos dois discípulos de Batista que, apareceu no início da vida pública de Jesus; o outro era André, irmão de Pedro, e lhe perguntaram: "Mestre, onde moras?". E Jesus respondeu: "Venham e vejam! Então, desde aquela tarde, foram e ficaram com ele”.
O que Cristo espera dos jovens
Neste Sínodo sobre a Juventude, disse Frei Cantalamessa, deveremos descobrir “o que Cristo espera dos jovens” e “o que eles podem dar à Igreja e à sociedade”. Mas, o mais importante, é levar os jovens a saber o que Jesus tem para lhes dar. João descobriu, ao ficar com Ele: Jesus é “vida em abundância”! Jesus é “alegria plena”!
Logo, encontrar-se pessoalmente com Cristo é possível também hoje, porque ele ressuscitou; ele é uma pessoa viva, não um personagem.
O evangelista João também deixou sua mensagem aos jovens, em sua primeira Carta: "Jovens, eu lhes escrevi, porque vocês são fortes e a Palavra de Deus permanece em vocês... não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele".
Devemos estar no mundo, - disse o Pregador da Casa Pontifícia -principalmente entre os pobres, os últimos, no mundo do sofrimento, da marginalização o do egoísmo, sem, porém, a ele pertencer.
Ir contra a corrente
Na conclusão da sua pregação, nesta Sexta-feira da Paixão, o capuchinho deixou um convite aos jovens cristãos: “Sejam como aqueles que vão à direção oposta! Atrevam-se a ir contra a corrente! A direção oposta não é um lugar, mas uma pessoa: é Jesus, nosso amigo e redentor!”. Mas, foi-lhes confiada também uma tarefa especial: “Salvar o amor humano”.
Na cruz, Deus se revelou como Ágape, o Amor que se doa. Por isso, não devemos renunciar às alegrias do amor, mas ter a capacidade de se doar ao próximo: "Há mais alegria em dar do que em receber", diz São Paulo.
Porém, é preciso preparar-se para a doação total de si, seja através do matrimônio seja da vida consagrada, começando com a doação do próprio tempo, do sorriso, da própria juventude em família, na paróquia, no voluntariado.
Jesus na cruz não nos deu apenas o exemplo de extrema doação por amor: a água e o sangue, jorrados do seu peito, chegam até nós pelos sacramentos da Igreja e pela Palavra. Contemplemos, com fé, o Crucifixo.
                                                (Tradução Thácio Siqueira, Associação Marie de Nazareth)
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Via-Sacra:
Vergonha, arrependimento e esperança diante do Senhor
Depois das 14 estações da Via-Sacra no Coliseu de Roma, o Papa concluiu a cerimônia com uma tocante oração.
Cidade do Vaticano – O Papa Francisco presidiu à Via-Sacra no Coliseu de Roma nesta Sexta-feira Santa. Ao final das meditações preparadas este ano por um grupo de jovens, o Pontífice fez uma oração, em que usou três palavras com as quais devemos olhar para Jesus: vergonha, arrependimento e esperança. 
Vergonha por termos perdido a vergonha, arrependimento que brota da certeza de que somente o Senhor pode nos salvar do mal, e esperança porque da cruz de Cristo desabrochou a Ressurreição.
Oração ao término da Via-Sacra no Coliseu
Papa Francisco
Senhor Jesus, a vós dirigimos o nosso olhar cheio de vergonha, de arrependimento e de esperança.
Diante do vosso amor supremo, que a vergonha nos invada por vos ter deixado só, sofrendo pelos nossos pecados:
- vergonha por ter fugido diante da provação, apesar de vos ter dito milhares de vezes: “Mesmo se todos vos deixarem, eu jamais vos deixarei”;
- vergonha por termos escolhido Barrabás e não a vós, o poder e não a vós, as aparências e não a vós, o deus dinheiro e não a vós, o mundanismo e não a eternidade;
- vergonha por ter-vos tentado com a boca e com o coração, todas as vezes que nos encontramos diante de uma provação, dizendo: “Se fordes o Messias, salvai-nos e nós acreditaremos”!;
- vergonha porque tantas pessoas, até alguns dos vossos ministros, deixaram-se enganar pela ambição e pela vanglória, perdendo a sua dignidade e seu primeiro amor;
- vergonha porque as nossas gerações estão deixando aos jovens um mundo fraturado pelas divisões e pelas guerras; um mundo devorado pelo egoísmo, onde jovens, pequenos, enfermos e  idosos são marginalizados;
-  Jesus, vergonha por termos perdido a vergonha.
Senhor Jesus, dai-nos sempre a graça da santa vergonha!
- esperança, porque a vossa mensagem continua a inspirar, ainda hoje, tantas pessoas e povos; que somente o bem pode derrotar o mal e a maldade e que somente o perdão pode abater o rancor e a vingança; somente o abraço fraterno pode dissipar a hostilidade e o medo do outro;
- esperança, porque o vosso sacrifício continua, ainda hoje, a exalar o perfume do amor divino, que acaricia os corações de tantos jovens, que ainda vos consagram as suas vidas, tornando-se exemplos vivos de caridade e gratuidade neste nosso mundo devorado pela lógica da exploração e do ganho fácil;
- esperança, porque tantos missionários e missionárias continuam, ainda hoje, a desafiar a consciência adormecida da humanidade, arriscando suas vidas para servir-vos nos pobres, nos descartados, nos imigrados, nos invisíveis, nos explorados, nos famintos e nos encarcerados;
- esperança, porque a vossa Igreja, santa e constituída por pecadores, continua, ainda hoje, apesar de todas as tentativas de desacreditá-la, a ser luz que ilumina, encoraja, alivia e testemunha o vosso amor incomensurável à humanidade, um modelo de altruísmo, uma arca de salvação e uma fonte de certeza e de verdade;
- esperança, porque da vossa cruz, - fruto da avidez e da covardia de tantos doutores hipócritas da Lei, - desabrochou a Ressurreição, que transformou as trevas da sepultura em fulgor da aurora do Domingo, sem poente, ensinando-nos que o vosso amor é a nossa esperança.
Senhor Jesus, dai-nos sempre a graça da santa esperança!
Ajudai-nos, Filho do Homem, a despojar-nos da arrogância do ladrão, que estava à vossa esquerda, e dos míopes e corruptos, que viram em vós uma oportunidade para explorar, um condenado para criticar, um derrotado para zombar, outra ocasião para inculpar os outros e até Deus, pelas suas culpas.
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